

Antoni Zabala – ARTMED – Tradução: Ernani F. da F. Rosa,
Porto Alegre, 1998, 223 pp., título original: La práctica educativa: cómo enseñar. Ed. Graó, de Serveis
Pedagògics, 1995. ISBN 84-7827-125-2.
O livro consta de oito capítulos que tratam de
aspectos importantes da Pedagogia, tendo como objetivo principal, melhorar a
prática educativa, desde suas variáveis metodológicas, passando pela função
social do ensino e as interações professor-aluno, aluno-aluno, organização da
classe e dos conteúdos, meios e modelos de aulas, as seqüências didáticas de
acordo com a concepção construtivista, referências para análise de currículos,
culminando no último capítulo, com a avaliação onde são analisados os aspectos
da avaliação formativa: inicial, reguladora e final integradora, ainda trata a
avaliação dos conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais.
No entanto o ponto chave que esta resenha vai
abordar se encontra no capítulo IV. As
relações interativas em sala de aula: o papel dos professores e dos alunos.
Muito interessante sobre todos os aspectos se torna
a leitura deste capítulo, onde o autor reporta sobre as relações interativas
que ocorrem em classe entre alunos e professores e que desde o início do século
XX, já havia preocupação, pela participação do aluno em classe, haja vista que
nesta época, a perspectiva denominada “tradicional” preponderava deixando o
aluno como mero repetidor do conhecimento enquanto este era exclusivo do
professor. O autor usa da concepção construtivista para explicar de maneira
segura como acontecem estas interações em classe, o estabelecimento de uma
série de relações que através delas o aprendiz elabora representações para uma
aprendizagem significativa e autônoma.
O “ensino adaptativo” é abordado tendo como
característica principal a capacidade que o estudante tem de se adaptar às
diversas necessidades das pessoas que o protagonizam. Relata a diversidade de
estratégias que os professores podem utilizar para facilitar a aprendizagem e
melhorar a participação dos alunos em classe. A observação constante e ativa dos professores com relação à classe é sempre
lembrada pelo autor, como uma maneira de se integrar os resultados da
intervenção produzida. A boa lógica construtivista, segundo o autor, deve
favorecer as interações em diferentes níveis: em relação ao grupo classe,
quando de uma exposição; em relação aos grupos de alunos, quando a tarefa o
requeira ou o permita; interações
individuais, que permitam ajudar os alunos de forma mais específica; etc.
O autor fala ainda que o professor deve trabalhar no
sentido de desenvolver a atividade mental auto-estruturante do aluno a qual
possibilita estabelecer relações, generalizações, descontextualização e a
atuação autônoma, supõe que o aluno entende o que faz e por que o faz e tem
consciência, em qualquer nível, do processo que está seguindo. Mas alerta, que
para o estudante atingir este nível o professor deve dar significado ao ensino,
ajudando-o a compreender este significado, motivando-o, na medida em o faz
sentir que sua contribuição será necessário para aprender. Observa-se que nesse
momento, quando o autor se reporta a esta atividade mental auto-estruturante,
tem tudo a ver com Vigotsky e Lúria, quando da apropriação do conhecimento, que
deve acontecer primeiro através da imitação e através de um processo
organizado, o aluno autonomamente, constrói o seu conhecimento.
Interessante
também se apresenta o capítulo, quando o autor cita que uma interpretação
construtivista do ensino se articula em torno da atividade mental do estudante
e diz que esta atividade mental se fundamenta na zona de desenvolvimento
próxima, que, portanto, vê o ensino como um processo de construção
compartilhada de significados, orientados para a autonomia do aluno.
Para concluir o capítulo o autor apresenta dez
características construtivistas, retiradas do livro, El constructivismo en el aula de César Coll e
outros,1993,Barcelona,Graó.
Com o título: a
influência da concepção construtivista na estruturação das interações
educativas na aula, o autor apresenta estas características fazendo uma
pequena análise de cada uma delas. Por tratar-se do ponto central deste estudo
elas estarão sendo transcritas a seguir:
Do conjunto de relações interativas necessárias para
facilitar a aprendizagem se deduz uma série de funções dos professores, que tem
como ponto de partida o próprio planejamento. Podemos caracterizar estas
funções da seguinte maneira:
a)
Planejar a atuação docente de uma maneira
suficientemente flexível para permitir a adaptação
às necessidades dos alunos em todo o processo de ensino / aprendizagem.
b)
Contar com as contribuições
e os conhecimentos dos alunos, tanto no início das atividades como durante
sua realização.
c)
Ajudá-los a encontrar
sentido no que estão fazendo para que conheçam o que têm que fazer, sintam
que podem fazê-lo e que é interessante fazê-lo.
d)
Estabelecer metas
ao alcance dos alunos para que possam ser superadas com o esforço e ajuda
necessários.
e)
Oferecer ajudas
adequadas, no processo de construção do aluno, para os progressos que
experimenta e para enfrentar os obstáculos com os quais se depara.
f)
Promover atividade
mental auto-estruturante que permita estabelecer o máximo de relações com o
novo conteúdo, atribuindo-lhe significado no maior grau possível e fomentando
os processos de metacognição que lhe permitam assegurar o controle pessoal
sobre os próprios conhecimentos e processos durante a aprendizagem.
g)
Estabelecer um ambiente e determinadas relações
presididos pelo respeito mútuo e pelo sentimento de confiança, que promovam a auto-estima e o auto conceito.
h)
Promover canais
de comunicação que regulem os processos de negociação, participação e
construção.
i)
Potencializar progressivamente a autonomia dos alunos na definição de objetivos, no planejamento das
ações que os conduzirão a eles e em sua realização e controle, possibilitando
que aprendam a aprender.
j)
Avaliar os alunos conforme
suas capacidades e seus esforços, levando em conta o ponto pessoal de
partida e o processo através do qual adquirem conhecimento e incentivando a auto-avaliação das competências como
meio para favorecer as estratégias de controle e regulação da própria
atividade.
Observa-se que as palavras em itálico, são as
palavras chave de cada função e
portanto cada professor que tiver a oportunidade de lê este livro e é
importante que o leia, com atenção,
precisa estar atento o quanto importante é cumprir estas funções estabelecidas
neste capítulo para que o seu trabalho pedagógico tenha o êxito esperado.
É um livro que deveria ser não apenas lido, mas
estudado criteriosamente por todos os professores do ensino médio e do ensino
técnico que desejam transformar as suas classes em uma micro organização
social, agradável, fugindo da rotina das aulas expositivas.
Prof.: Jeová Lacerda Calhau